
Hoje, no início do século XXI, tenho a sensação de que a humanidade esgotou todas as suas possibilidades. Se pudéssemos conceber deus como um cientista onipotente, poderíamos dizer que a humanidade é uma experiência que falhou. O planeta agoniza de forma acelerada e o modo de vida que o homem criou faz com que a verdadeira arte dê lugar ao entretenimento chulo e inócuo. O homem que trabalha no mínimo oito horas por dia anseia por um escapismo que não o perturbe, que não o faça pensar e principalmente: que possibilite um esquecimento temporário da estupidez que é a sua vida. Por isso, a “arte” que é consumida hoje em dia é um refugo de quinta categoria totalmente desprovido de essência e conteúdo.
Glauber Rocha dizia que a função da arte é violentar. Concordo plenamente com essa afirmação. A arte, principalmente quando se dirige a um grande público, não deve simplesmente mostrar à massa um espelho daquilo que ela é(como fazia o Nelson Rodrigues). Deve, antes de tudo, provocar uma perturbação dos sentidos capaz de impor ao público um desafio heróico diante daquilo que ele percebe.
Flávio Bertola