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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Braking Bad- A Química Além do Bem e do Mal



        Essa semana terminei de assistir ao seriado “Breaking Bad”. Tive uma certa relutância inicial, pois muita gente estava assistindo, e minha tendência nesse caso é sempre evitar seguir o rebanho. No entanto tive uma  intuição de que valeria a pena pagar para ver. Paguei e não me arrependi.
       A história gira em torno de dois personagens principais: Jessie Pinkman e Walter White. Jessie é, um jovem junkie que traficava drogas para sustentar seu vício e também para sobreviver, já que havia sido colocado para fora de casa pela família. Walter é um químico brilhante com mais de 50 anos de idade que trabalhava modestamente como professor de nível secundário enquanto via os donos da empresa da qual ele era cofundador ficarem bilionários.
        Mr. White descobre que está com câncer. Seu cunhado era policial do DEA(Força Administrativa de Narcóticos) . Após assistir na TV a uma apreensão de drogas e dinheiro ligados ao tráfico de metanfetamina, pede a Hank( seu cunhado) para acompanhar uma operação de apreensão  de Cristal. Mr. White vê Jessie Pinkman, que era seu ex-aluno, saindo do local da apreensão.
          Diante da perspectiva da morte iminente e da impossibilidade de deixar sua família numa situação financeira segura, Mr. White propõe a Jessie uma sociedade na qual aquele fabricaria a metanfetamina enquanto este cuidaria da distribuição da droga.
           A trama é muito violenta, no entanto os personagens são levados de uma forma pelo fluxo dos acontecimentos que sobra pouco espaço para julgamentos morais por parte do espectador.
           Mr. White mostra todo o seu talento, não apenas para fabricar a droga com alto nível de pureza, mas também para lidar com o lado sujo e selvagem do tráfico de drogas. Ele não tem escrúpulos ao eliminar inimigos de forma violenta, mente descaradamente para a sua família e chega ao ponto de envenenar um garoto de 8 anos de idade(segundo ele a quantidade de veneno não era suficiente para matar). A pergunta que fica no ar é a seguinte: como explicar esse carisma que permanece inalterado apesar de tudo isso? Por que ainda sentimos por Mr. White essa espécie de ternura vergonhosa?
          Talvez cada um de nós tenha a sua própria resposta para essa pergunta. Acredito que ele, sabendo do seu destino inexorável selado pelo câncer, perdeu completamente o pudor e o medo. Decidiu deliberadamente impor a sua vontade acima da lei a qualquer custo. Isso fica bem claro no último episódio quando confessa a sua esposa Skyler que não fizera tudo aquilo pela família e sim por si mesmo, pois isso o fazia se sentir vivo.
       Jessie, ao contrário de Mr. White, era um garoto com a vida inteira pela frente. Quando conhece sua namorada Jane, mostra a ela alguns desenhos seus. Na terapia em grupo que fazia para se livrar do vício, fala sobre uma caixa de madeira que fez no início da adolescência. Conta detalhadamente todo o processo artístico e técnico da fabricação do objeto. Ao final confessa que trocara a caixa por uma pequena quantidade de maconha . Talvez se sentisse ridicularizado por ter uma vocação incomum que definitivamente seria menosprezada pela família e pela sociedade como sendo algo de menor valor. Num certo momento, Jessie tenta voltar para casa da sua família. Seus pais eram extremamente conservadores e seu irmão(bem mais novo que ele) era um músico prodígio e um aluno exemplar. Os pais acham um cigarro de maconha em casa e Jessie assume a culpa mesmo sabendo que a maconha era do seu irmão. Dessa forma ele é expulso de casa novamente.
        Breaking Bad me surpreendeu em todos os aspectos.  O fato de um episódio nunca começar onde terminou o anterior, prende o espectador de maneira inteligente. Vale ainda ressal tar a atuação espantosa do elenco que é todo de primeira linha! Enfim, posso dizer que já estou sentindo muita falta de Jessie e Mr. White.